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Trump x Ricardo

Leia artigo de João Neutzling Jr.

Escrito por João Neutzling Jr.*17 de Mar de 2025 às 11:55
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O presidente eleito dos EUA Donald Trump anunciava em sua campanha eleitoral que sua palavra de ordem em economia era “tarifa”, ou seja, aumentar as tarifas fiscais (imposto de importação) para proteger a indústria americana da concorrência externa e aumentar o volume de emprego da classe trabalhadora.

Depois de sua posse, ele determinou aumento no imposto de 25% sobre as importações de Canadá e México. O mesmo em relação às importações chinesas.
Trump tem um estilo truculento, pouco diplomático e avesso ao multilateralismo, ou seja, um ambiente onde todos os países têm direito de opinião e voto. Sua ideia de comércio externo é enviesada e contraproducente, a tal MAGA, ou Make America Great Again.

O comércio multilateral entre as nações tem uma série de benefícios, tais como favorecer a concorrência internacional, estimular a inovação tecnológica, melhorar a alocação de recursos humanos e insumos e, o mais importante, premiar os mais eficientes.

O notável economista inglês Davi Ricardo (1772-1823) defendeu o livre comércio entre as nações em “Princípios de Economia Política e Tributação” (1817). Esta obra foi publicada no país pela Editora Abril na coleção Os Economistas de 1982, e antes por outras editoras.

Nesta publicação, ele expõe sua teoria das Vantagens Comparativas do comércio internacional conforme tabela abaixo.

De acordo com a tabela (hipotética), os trabalhadores americanos conseguem produzir 20 unidades de trigo em uma hora, enquanto os trabalhadores brasileiros produzem apenas 6 unidades. No caso do café, os EUA produzem oito unidades do produto por hora, enquanto o Brasil produz 15 unidades. Logo, os EUA têm vantagem comparativa na produção de trigo e o Brasil na produção de café. 

Então, seria interessante que cada país se especializasse na produção de bens onde tem vantagem comparativa em relação aos demais. Assim, cada um iria se dedicar onde é mais eficiente, importando produtos onde tem menor capacidade produtiva. Desta forma, o comércio internacional seria vantajoso para os países ao promover o bem-estar social e a competição entre as nações.

O fato é que muitas empresas de capital americano fecharam fábricas nos EUA e transferiram suas unidades fabris para países com menor custo de produção (leia-se salários mais baixos) em busca de maior rentabilidade pois lucro = receita – despesa. A Nike, multinacional americana de material esportivo, não tem uma única fábrica nos EUA, pois instalou suas 65 fábricas no Vietnã e 195 na China, entre tantas outras.

Entre as consequências da proteção tributária de Trump haverá uma falta de dinamismo das empresas americanas em um ambiente de pouca concorrência e proteção do governo.

O Mestre Davi Ricardo ainda tem razão, a livre competição ainda é a melhor estrutura de mercado.


*Economista, bacharel em Direito, mestre em Educação, Auditor estadual, professor e escritor. jntzjr@gmail.com

   

 

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