As mulheres ainda ganhavam 19,9% menos que os homens no mercado de trabalho em 2021, segundo levantamento da Fundação Getulio Vargas (FGV). A disparidade salarial era ainda maior entre profissionais com mais anos de instrução. Entre trabalhadores com ensino superior completo elas ganhavam 36,4% menos que os homens com o mesmo grau de ensino. O rendimento médio habitual das mulheres foi de R$ 2.255 em 2021 contra R$ 2.815 dos homens.
Considerando-se só trabalhadores ocupados que concluíram o ensino superior, a renda média subiu a R$ 6.647 entre os homens contra um resultado de R$ 4.228 para mulheres. .O estudo da FGV foi elaborado a partir de dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua), apurada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
“Nas faixas de salários baixos, nós temos menos desigualdade quanto à participação de homens e mulheres, mas quando você analisa o topo da distribuição de renda, ele é composto predominantemente por homens”, apontou Janaína Feijó, pesquisadora do Instituto Brasileiro de Economia da FGV (Ibre/FGV). No quarto trimestre de 2021, entre os 10% dos trabalhadores mais bem remunerados, 35% eram mulheres e 65% eram homens. Já entre os 10% com rendimentos mais baixos, 55% eram mulheres e 45% eram homens.
Se considerados apenas os trabalhadores ocupados com ensino superior completo na faixa dos 10% com rendimentos mais baixos no quarto trimestre de 2021, 72% eram mulheres contra apenas 28% de homens. Na direção oposta, entre os 10% mais bem remunerados, somente 28% eram mulheres contra 72% de homens.
Nas faixas mais altas de salários as mulheres passam a estar menos representadas, conforme assinalou a pesquisadora. Janaína explica que uma das razões para a disparidade é o fato de as mulheres com ensino superior serem maioria em profissões que exigem ensino técnico
ou superior, porém pagam remunerações mais baixas. É o caso de trabalhadores de serviços de informação ao cliente (77% eram mulheres contra 23% de homens), técnicos e assistentes veterinários (92,6% de mulheres) e secretários (86,9% de mulheres). “Estão alocadas em profissões que remuneram menos”, observou Janaína.