Relatório divulgado ontem pela Human Rights Watch (HRW), organização de defesa dos direitos humanos com sede em Nova York, assinala preocupação com as eleições de 2022 diante de “ameaças aos pilares da democracia” no Brasil, informou o R7. O documento faz um balanço do ano de 2021 em mais de 100 países e, do Brasil, menciona o presidente Jair Bolsonaro como responsável por “minar a confiança no sistema eleitoral, a liberdade de expressão e a independência do Judiciário”.
No relatório, a diretora da entidade no Brasil, Maria Laura Canineu, apela para que “as instituições democráticas protejam os direitos ao voto e à liberdade de expressão de qualquer tentativa de subversão do sistema eleitoral ou de enfraquecimento do Estado Democrático de Direito e das liberdades fundamentais”. O trecho do documento ainda
menciona as tentativas de intimidação contra o Supremo, em setembro de 2021, quando o presidente subiu o tom contra
os ministros Alexandre de Moraes e Luís Roberto Barroso, que também é presidente do Tribunal Superior Eleitoral. Na
ocasião, Bolsonaro chamou Moraes de “canalha” e disse que não cumpriria mais as ordens do ministro.
O documento chama a atenção para a letalidade policial, em especial contra pessoas negras, e a degradação da
Amazônia. Em 2020, o Brasil atingiu o maior número de mortes decorrentes de intervenção policial desde que
o indicador passou a ser monitorado pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública, em 2007. Cerca de 80%
das vítimas eram negras. No campo do meio ambiente, a instituição afirma que o governo promove a degradação ambiental e o desrespeito aos direitos dos povos indígenas. “O presidente precisa mostrar resultados concretos na redução do
desmatamento e no combate aos crimes ambientais e atos de violência contra defensores da floresta”, diz Canineu.