A revisão do balanço da Petrobras vai reduzir seu Ativo Fixo, superfaturado pelas empreiteiras. O patrimônio da empresa diminuiria na proporção desses valores, denominados “desvios”, se considerados irrecuperáveis e contabilizados como “Perdas”.
É o que parece dominar a opinião pública e se reflete no mercado de ações. Contudo, se já são conhecidos os valores que reduzirão o Ativo Fixo, já se conhecem sua origem e as empreiteiras que se apropriaram deles. A contrapartida do lançamento de redução dos Ativos Fixos, em vez de Perdas, deve ser o aumento do Ativo Realizável e o patrimônio total da Petrobras não diminuirá.
A indignação pública se concentra nos corruptos que se beneficiaram das propinas. É importante identificá-los, inclusive os intermediários e políticos envolvidos, e dar-lhes o tratamento penal que merecem, mas lembremos que esses valores todos estão embutidos nos superfaturamentos das empreiteiras, as maiores beneficiárias do crime. Os corruptos foram pagos pelas empreiteiras, não pela Petrobras.
O esforço para recuperação dos valores “desviados” deve concentrar-se nas empreiteiras, devedoras do total desses valores que, como têm acumulado um enorme patrimônio, têm garantias para cobrir essa dívida. As que não assumirem estarão sujeitas a liquidação e/ou intervenção estatal. Seus contratos vigentes não se interrompem e serão tocados pelas equipes que os estão executando, sob a direção das próprias empreiteiras que acordarem o pagamento de sua dívida, ou pelos liquidantes/interventores, em gestão provisória, até que o patrimônio da empreiteira seja lei- loado (ou até estatizado, para horror dos liberais).
Igual deve dar-se com o escândalo do metrô de São Paulo e muitos contratos pelo país inteiro que, sob suspeição, devem ser auditados por uma força-tarefa múltipla para a recuperação de imensas quantias, ante as quais o caso Petrobras será “fichinha” e comemorado como detonante de uma nova era na relação com as empreiteiras e no restabelecimento da credibilidade da economia brasileira.
* Economista