Em época de campanha eleitoral, como neste ano, candidatos de todas as matizes sempre dizem querer valorizar educação, saúde e segurança pública, etc. Mas na hora de se elaborarem as políticas públicas de educação ou se votar e lei orçamentária anual muitos começam a mudar o discurso. Como consequência, a educação pública vive de migalhas orçamentárias, salários defasados e péssimo desempenho escolar.
Para ser privatizar a CEEE e CORSAN o atual governo não mediu esforços em sua fúria privatista como se fosse a panaceia gaúcha.
A reforma trabalhista de 2017 e a reforma previdenciária de 2019 também foram aprovadas após intensa articulação e pressão política dos interessados.
Mas por que não se faz o mesmo pela educação nacional? Uma aliança multipartidária para uma educação pública de qualidade?
Os recentes resultados do Programme for International Student Assessment – PISA ou Programa Internacional de Avaliação de Alunos evidenciam a vergonha da educação brasileira.
PISA é o principal exame internacional em educação e avalia periodicamente o desempenho dos alunos de 15 e 16 anos, no fim do ciclo da educação básica.
O resultado do PISA 2022 (área de matemática), divulgado há pouco, coloca os estudantes brasileiros na 65ª posição mundial sendo que o líder é Singapura.
No item leitura/interpretação de texto o país está na 52ª posição. O PISA 2022 colocou o Brasil na 62ª posição em ciências e mostrou que 70% dos jovens com 15 anos não sabem fazer cálculos aritméticos simples do tipo converter valor de moedas ou calcular distâncias.
Os países melhor avaliados pelo PISA estão Singapura, Coréia do Sul, Hong Kong, Canadá, Finlândia, Japão, entre outros. Mas na frente do Brasil estão Romênia, Polônia, Eslovênia, Letônia, República Tcheca, Bulgária (todos ex-países comunistas) além de Azerbaijão e, pasmem, Mongólia!
Uma das causas da baixa produtividade da mão-de-obra no Brasil é má formação educacional o que afeta negativamente o esforço de produção. Por exemplo, um trabalhador brasileiro leva uma hora para fazer o mesmo produto ou serviço que um norte-americano faz em 15 minutos e um alemão ou coreano, em 20 minutos conforme estudo do professor Sérgio Sakurai da FEA-USP.
A má qualificação da força de trabalho impede o desenvolvimento econômico do país.
Entre as causas do mau desempenho brasileiro estão:
a) Baixa remuneração do magistério que não atrai profissionais qualificados;
b) Currículos desatualizados;
c) Falta de treinamento e qualificação do corpo docente;
d) Avaliação inadequada dos alunos e Progressão continuada.
e) Tecnologias de educação ultrapassadas.
A realidade é que de cada 100 alunos que na primeira série, apenas 47 terminam o ensino fundamental, 14 concluem o ensino médio e apenas 11 chegam a universidade (dados do INEP).
Entre as soluções possíveis estão: a ampliação da escola em tempo integral com atividades complementares na área esportiva e xadrez nas escolas (imprescindível); além disso, é necessária a atualização dos currículos, melhorar a remuneração do magistério de modo a atrair bons profissionais, investir em infraestrutura (laboratórios, salas de informática, rede de internet, etc); combater a evasão escolar; ampliar o ensino de idiomas estrangeiros, entre outras.
Se nós realmente desejamos ver o Brasil como nação de primeiro mundo é urgente um pacto nacional em prol da educação. Sem isso, continuaremos passando vergonha na avaliação do PISA.
Economista, Bacharel em Direito, Mestre em Educação, Doutorando em Sociologia, Auditor estadual, Professor e pesquisador.
jntzjr@gmail.com