Um dos maiores gênios da humanidade, o físico alemão Albert Einstein definiu como tolice o ato de fazer a mesma coisa esperando que ela produza resultados diferentes.
É o popular "mais do mesmo". Na semana passada, assim que foram divulgados os dados relativos ao crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro em 2011 e da Produção Industrial Mensal (PIM) de janeiro, o governo voltou a falar em medidas urgentes - mas, de novo, paliativas, incompletas, tardias e ineficazes para resolver o gravíssimo problema que está por trás da anemia dos números.
O Brasil vive um dramático processo de desindustrialização e de "mais do mesmo".
O crescimento (sic) da indústria de transformação foi de 0,1% no ano passado. Em janeiro de 2012, segundo os dados da PIM, a atividade recuou 2,1%. O resultado líquido da criação de postos de trabalho em 2011 foi zero.
Ou seja, as fábricas - onde estão bons empregos e salários, interessantes oportunidades e muito do nosso futuro - não foram capazes de absorver os milhares de jovens que entraram no mercado de trabalho.
Ao apontar a crise europeia como causa, o governo erra mais uma vez. Em 2011, o mundo cresceu a uma taxa média de 3,8%, enquanto nós ficamos em 2,7%. E qual a razão?
Uma coleção de equívocos crônicos: câmbio sobrevalorizado; avalanche de importações (o déficit na balança de manufaturas chegou a R$ 93 bilhões em 2011); juros que demoram a cair; incentivos fiscais para importados; dentre outros absurdos.
Tudo isso sem falar na logística ineficiente, na energia a preços estratosféricos, na injusta carga tributária e em todos aqueles fatores que minam a competitividade da nossa indústria.
Nosso setor produtivo está sendo duramente castigado e, paulatinamente, vem perdendo terreno. Em meados da década de 1980, a indústria de transformação representava 27% do PIB nacional.
Essa participação despencou para 14,6% em 2011 - praticamente o mesmo índice de 1957, quando o então presidente Juscelino Kubitschek pregava a industrialização do País como caminho para o progresso.
Para recuperar o dinamismo da indústria e, consequentemente, o da economia brasileira, precisamos promover uma ruptura com a atual política econômica e industrial.
Entre as ações mais urgentes a serem implementadas incluem-se as seguintes medidas: a redução da carga tributária; a desoneração das folhas de pagamentos; a queda dos juros para patamares compatíveis com os praticados internacionalmente; a diminuição dos spreads bancários; a adoção de mecanismos para compensar a sobrevalorização cambial; o reforço na defesa comercial; a redução no preço da energia elétrica, por meio da realização de leilões para as concessões que vencem a partir de 2015; o estímulo às exportações; e o aumento do crédito para investimentos.
No Senado Federal, a aprovação da Resolução 72/2010, atribuindo alíquota de Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) de 4% para importados, a ser cobrada no Estado de origem (desembarque) das mercadorias, acabaria com a Guerra dos Portos.
Esse mecanismo de incentivo fiscal tem concedido vantagens comerciais a produtos importados por meio de descontos no ICMS. Seu grave efeito colateral é a exportação de empregos: nos últimos dez anos, o Brasil deixou de gerar 915 mil postos de trabalho por causa da Guerra dos Portos, segundo demonstra um estudo da Fiesp.
Para crescer, o Brasil precisa de uma indústria forte, pois o setor produz e exporta itens de alto valor agregado, é grande empregador, paga salários maiores e é decisivo para a soberania tecnológica.
Todos os países que dobraram a sua renda per capita num prazo de 20 anos o fizeram por meio de uma economia industrializada. Já passou da hora de mudar o paradigma de nossa política econômica. Quem quer resultados diferentes precisa de atitudes diferentes.
*É PRESIDENTE DA FEDERAÇÃO DO CENTRO DAS INDÚSTRIAS DO ESTADO DE SÃO PAULO (FIESP/CIESP)
Fonte: Portal Intelog – Inteligência em gestão logística