Nascido em El Salvador (América Central) em 1917, Oscar Romero logo entrou para o Seminário e seguiu carreira religiosa. Foi nomeado, em 21/de junho/1970, bispo de San Salvador.
A América Central, no século XX, foi palco de inúmeras ditaduras militares de extrema-direita como Anastásio Somoza na Nicarágua (1967-1979), Ríos Montt na Guatemala (1960-1996), Jean C. Duvalier no Haiti (1971-1986), Rafael L. Trujillo na República Dominicana (1930 – 1961), entre outras. Todas marcadas por desvio de recursos públicos, corrupção, violação dos direitos humanos, sequestro, tortura e assassinato de opositores e apoio escancarado dos EUA.
Romero foi testemunha dos horrores da guerra civil de El Salvador (1979-1992). O conflito envolvia o governo de extrema direita (apoiados pelos EUA) e movimentos sociais de esquerda que eram apoiados pela Frente Farabundo Martí de Libertação Nacional (FMLN).
Ele defendia os pequenos produtores rurais, campesinos e índios nativos que lutavam contra a expropriação de suas terras por parte de grandes latifúndios. As comunidades indígenas eram expulsas de suas terras históricas.
Em um episódio terrível da guerra civil, em 1980, quatro freiras norte-americanas que realizavam um trabalho de caridade em El Salvador foram sequestradas, estupradas e assassinadas por integrantes da Guarda Nacional Salvadorenha.
Em 24 de março de 1980 (há 44 anos), Romero estava celebrando uma missa quando foi assassinado, na frente de dezenas de fiéis, por um militar do exército treinado na famigerada Escolas das Américas (instituída pelos EUA), que usou uma metralhadora M -16 de fabricação americana com munição ‘made in usa’.
Seu assassinato foi atribuído à Roberto D'Aubuisson Arrieta, líder dos paramilitares salvadorenhos de extrema-direita. Sua morte causou comoção internacional e protestos de grupos de Dtos. Humanos nas Nações Unidas e principalmente pelo Estado do Vaticano.
Vários filmes contam sua história como “Romero” (1989) dirigido por John Duigan, onde o ator Raul Julia interpreta de forma brilhante o famoso arcebispo. Inolvidável também foi “Salvador – O Martírio de um Povo” (1986) dirigido por Oliver Stone que relata toda ação do governo dos EUA de Reagan em apoio à ditadura de extrema direita de El Salvador.
Em sua homenagem foi construída uma escultura em tamanho real na Abadia de Westminster em Londres na galeria dos mártires do século XX ao lado da estátua de Martin Luther King Jr (assassinado em 1968). Em 1997 Romero foi declarado Servo de Deus (uma das etapas do processo de canonização e uma das mais altas honrarias católicas) pelo Papa João Paulo II.
O fim do conflito veio com os Acordos de Chapultepec de 1992, permitiu a entrada oficial da FMLN no cenário político-eleitoral de El Salvador. A Guerra Civil de El Salvador deixou mais 70 mil mortos, dez mil desaparecidos, mais de um milhão de refugiados.
Oscar Romero seguiu fervorosamente a orientação católica “opção preferencial pelos pobres” expressa na Terceira Conferência Geral do Episcopado Latino-Americano de 1979, realizada em Puebla no México. Pagou com sua vida pela escolha mas seu trabalho nunca foi esquecido.
Economista, Bacharel em Direito, Mestre em Educação, Auditor Estadual, Professor e escritor.
(jntzjr@gmail.com)
