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O ralo da corrupção

Escrito por Ceape TCE/RS07 de Out de 2013 às 15:29
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Não há dia em que não se noticie um novo escândalo onde milhões de reais se esvaem dos cofres públicos. Numa manchete, o Ministério Público Federal (MPF) conclui o processo resultante da Operação Rodin, onde 32 pessoas são acusadas de desviarem R$ 44 milhões de órgãos públicos do RS. Noutra, a atuação do Tribunal de Contas
da União (TCU) na fiscalização das áreas de mobilidade urbana, estádios, aeroportos, portos e telecomunicações para a Copa do Mundo de 2014 gerou economia de R$ 600 milhões.

Em mais um escândalo, uma prefeita denuncia ao Ministério Público Estadual o ex-prefeito de município do interior piauiense pelo desvio de cerca de R$ 1,5 milhão do fundo municipal de previdência. Recentemente, um rombo de 50 milhões apurado na Operação Miqueias, da Polícia Federal, onde facínoras utilizavam até prostitutas para convencer dirigentes municipais a aplicar os recursos dos fundos de pensão em investimentos "furados".

Já há estimativas de quanto custa a corrupção. A Fiesp avalia que com os recursos desviados anualmente poderíamos ter mais 24 milhões de crianças matriculadas no Ensino Fundamental ou distribuir à população carente cerca de 160 milhões de cestas básicas. Ou ainda construir 918 mil raças populares do Programa Minha Casa Minha Vida ou 57 mil escolas de educação básica. Segundo a entidade, exterminar a corrupção no país significaria reduzir um desvio estimado entre 1,38% a 2,3% do PIB (de R$ 50,8 a R$ 84,5 bilhões) por ano, montante referendado pelo comitê executivo do Capítulo Brasileiro da Organização Mundial de Parlamentares contra a Corrupção (Gopac).

Por consequência, seguimos mal colocados no ranking mundial da Percepção da Corrupção: 69° lugar entre 176 países pesquisados pela ONG Transparência Internacional, atrás de países como Kuwait, Romênia e Arábia Saudita ou dos vizinhos Chile e Uruguai.

Cabe saudar a I: manifestação do novo procurador geral da República, Rodrigo Janot, que defende o combate à corrupção como prioridade de sua gestão, reforçando que esse tipo de ação tem que ocorrer de forma capilarizada, rastreando desde desvios menores, como os ocorridos na contratação de merenda escolar e na construção de ginásios e de estradas. A situação é tão grave que somente em seu gabinete há 170 representações, 200 inquéritos policiais e dois mil processos.

Estas situações não são privilégio nosso. A ONG Transparência Internacional alerta para a correlação entre a crise financeira e a corrupção e menciona os problemáticos Grécia, Itália, Portugal e Espanha como os que menos se esforçam para combater o problema.

Até nas terras santas! A polícia italiana prendeu dia destes o monsenhor Nunzio Scarano, suspeito de participar do desvio de milhões de euros do Banco Vaticano. O monsenhor estaria envolvido em um esquema que tentava levar 20 milhões de euros (US$ 26 milhões) da Suíça para a Itália de avião.

O ralo por onde escoam estes recursos é multi facetado. Tudo isto referenda os resultados do Global Corruption Barometer (Barômetro Global de Corrupção) de 2013. Com base no que disseram mais de 114 mil entrevistados de 107 países, aponta que a corrupção é generalizada, que as instituições públicas encarregadas de proteger a população estão no topo do ranking de suborno, que os governos não fazem o suficiente e que grupos poderosos estão no comando. Mas, acima de tudo, que a população quer se envolver: 67% das pessoas ouvidas acreditam que a sociedade pode fazer a diferença na luta contra a corrupção. Façamos, pois, a nossa parte!

Vilson Antônio Romero, jornalista, diretor da Associação Riograndense de Imprensa

 

 

   

 

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