Quando Nouriel Roubini fala, até o planeta para de girar. A piada é boa e reflete o pânico que todos têm deste economista turco que fez previsões catastróficas. A mais impactante foi a crise imobiliária de 2008.
Em 2006, Roubini advertiu que havia uma bolha imobiliária nos EUA. Os bancos estavam financiando a compra de imóveis para clientes de risco (subprime) e garantiam a operação por meio de hipotecas supervalorizadas, ou seja, o cliente tomava um empréstimo de US$ 1 milhão e a garantia era um imóvel cujo valor real de mercado não passava de US$ 2000 mil.
A crise subprime de 2008 foi causada por uma desregulamentação excessiva e irresponsável do mercado financeiro americano, onde operações exóticas de alto risco passaram a ser livremente permitidas porque os bancos estavam faturando alto naquele momento.
Agora em seu último livro Mega-Ameaças (editora Crítica, 2023, 348 p.), Roubini mostra um panorama sombrio do futuro.
Logo de cara o autor nos apresenta uma regra de ouro: “pegue empréstimos para investir, não para consumir”, que foi solenemente ignorada na crise americana de 2008.
No capítulo 2, que trata de falência públicas, aponta os desalinhamentos cambiais: “Contrair empréstimos em moeda estrangeira também pode parecer mais barato do que na moeda local com taxas de juros mais altas” (p.46). Porém, quando ocorre uma desvalorização cambial a dívida se torna impagável, pois ela pode até triplicar de valor enquanto a receita em moeda doméstica permanece fixa.
No capítulo 10, ele aponta que o uso de combustíveis fósseis como carvão e petróleo são os principais responsáveis pelo aquecimento da temperatura no planeta e que até agora não houve um consenso sobre como resolver tal questão, principalmente por pressão dos países mais ricos e maiores consumidores de energia não renovável.
Ler a obra de Roubini é perceber que a vida humana está cada vez mais ameaçada pela destruição desenfreada do meio ambiente, epidemias globais como a COVID, crise sistêmica do capitalismo e dívidas públicas impagáveis que podem conduzir à insolvência de vários países.
Obra assustadora mas necessária para se compreender a realidade.
Economista, Bacharel em Direito, Mestre em Educação, Auditor Estadual, Professor e Escritor
(jntzjr@gmail.com)