Uma incursão histórica, norteada pela educação, desde o Brasil colônia até os tempos atuais desta república federativa, foi o tema do jornalista, escritor e político Antônio Hohlfeldt, nesta sétima edição do Múltiplos Olhares, programa promovido pela escola de Gestão e Controle Francisco Juruena , do Tribunal de Contas do Estado (TCE-RS). 0 painel “Cultura Educação: Alternativas para o Brasil”, estabelece um paralelo entre as políticas de educação e as poucas mudanças propostas pelo Estado brasileiro, “O Brasil tem uma história de colonialismo com profundas diferenças sociais, o que perdura até hoje”, avalia Hohlfeldt.
Ao pontuar as possibilidades de reformas constitucionais, desde 1929 à Carta Cidadã de 1988, o palestrante identifica a falsa expectativa de corrigirmos um Brasil separado, sempre mantendo a ilusão de mudança: “Mantivemos em novas oportunidades, como em 1934, no primeiro governo de Getúlio Vargas, um Estado extremamente controlador , avançando de certa forma com a CLT, que hoje precisa ser revista. Hohlfeldt não desconsidera estarmos vivendo hoje num Brasil com possibilidade de novos horizontes, porém esbarrando novamente na educação. Mesmo considerando, com ressalvas, a política das cotas, como política de inclusão, a implantação do ensino fundamental de nove anos e o PróUni como respostas positivas dadas à sociedade, o palestrante justifica que permanece a necessidade de repensar a escola sob a ótica da qualidade e não da quantidade”. Escola de tempo integral ainda pode ser o caminho, como forma de reforçar o ensino, sobretudo, na cidadania, no fazer do convívio e aprendizado.
Hohlfeldt criticou aquele que definiu ser um período de passagem de nossos jovens, o atual ensino médio: “Nesses anos eles não estão em lugar algum, têm como meta, os que conseguem, chegar à universidade”. Este vácuo, aponta o professor, flagra a ausência do ensino técnico, “hoje formamos, na graduação, um engenheiro elétrico, mas não encontramos em eletricista para a execução”. Hohlfeldt afasta a ideia de alguns de que o ensino profissionalizante é dirigido para filhos de pais de um baixo estrato social: “É uma resposta que o governo tem que dar, enquanto condutor deste processo, a prática aponta para casos em que o estudante de ensino técnico seguem em busca da graduação e também de diplomados que não conseguem uma vaga no mercado de trabalho.
Ao encerrar sua breve, porém profunda intervenção, Holhlfeldt deixou na plateia a instigante vontade de questionar, analisar e, porque não, de querer mudar. É isso que ficou na cabeça de quem lhe ouviu, um cidadão com um profundo desejo pela reflexão e pela transformação. Quem interrompeu sua atribulada manhã para ouvir Hohlfeldt ficou com gosto de quero mais, mais educação, mais cidadania e mais conhecimento.