Ex-procurador do MP de Contas assume TCE com missão de superar mazelas históricas
Fonte: Zero Hora - domingo, 26/06/2011
Na Corte que basicamente só julga políticos – mas tem cinco políticos entre os sete julgadores – a isenção das sentenças é cada vez mais contestada.
Nunca a autonomia do Tribunal de Contas do Estado (TCE) esteve sob tanta expectativa como agora, quando o conselheiro Cezar Miola se prepara para assumir a presidência. Trata-se de um auditor de carreira, um técnico que durante oito anos foi procurador-geral do Ministério Público de Contas — ou seja, Miola já esteve do outro lado, denunciando corruptos e apontando anomalias no trato com o dinheiro público. Era um fiscal da lei, não o julgador que se tornou em 2008.
Por isso recai sobre ele o fardo de libertar o TCE da dúvida que insiste em rondar o tribunal. Segundo atestam servidores do órgão, vínculos políticos dos conselheiros interferem nos julgamentos do pleno e até absolvem quem deveria ser punido.
>> Confira alguns dos velhos problemas e os avanços recentes do TCE
Além do escândalo de corrupção envolvendo o presidente do TCE em 2007 — o comandante da Corte era o ex-deputado pedetista João Luiz Vargas, hoje réu na fraude do Detran —, há outros indícios de motivações políticas ditando regras na instituição.
— A percepção é de que o nosso trabalho é quase inútil — diz Ligia Zamin, da Associação dos Servidores do TCE.
Alertas no Daer foram ignorados
A recente descoberta de corrupção no Departamento Autônomo de Estradas de Rodagem (Daer) é um exemplo gritante: fazia uma década que os auditores alertavam a Corte sobre desvios de recursos, mas nunca as contas foram rejeitadas.
— Fatos como esse podem ocorrer, mas não se pode fazer uma leitura linear. Cabe examinar caso a caso — pondera Miola.