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Keynes sempre atual

Artigo de João Neutzling Jr, auditor do TCE-RS, para o Correio do Povo

Escrito por João Neutzling Jr*22 de Jul de 2022 às 09:27
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Em 5 de junho comemorou-se o nascimento do economista inglês John Maynard Keynes (1883-1946), conhecido como o profeta do pleno emprego e o pai da macroeconomia. Keynes escreveu vários livros, sendo o mais importante “A Teoria Geral do Emprego, do Juro e da Moeda”, publicado originariamente em 1936.
Nesta obra, ele defendia a intervenção do Estado na economia em épocas de crise como forma reduzir o desemprego, criar demanda efetiva e induzir crescimento econômico. Foi a salvação na depressão dos anos 30 nos Estados Unidos com o New Deal de Franklin Roosevelt, um arrojado plano de obras públicas, logo copiado em todo o mundo.
Outra obra de Keines, menos famosa, mas de importância, é “As Consequências Econômicas da Paz”, publicada  em 1919. Nesse livro, Maynard Keynes argumenta que as reparações da 1ª Guerra Mundial, impostas pelo Tratado de Versalhes ao derrotado governo alemão, eram exageradas, excessivas e colocariam o país em recessão e crise econômica profunda, o que ocorreu.
Keynes advogava o perdão das dívidas da Alemanha como forma de estimular a economia do país. A proposta foi recusada pelo governo dos EUA na época. As reparações de guerra envolviam a entrega de inúmeros territórios alemães, além de indenização de mais 200 milhões de marcos alemães.
Logo a Alemanha mergulhou na terrível hiperinflação. Em outubro de 1923, o aumento dos preços foi de 23.000%. O marco alemão estava muito desvalorizado e o desemprego era generalizado. O cenário de recessão e pobreza abriu caminho para Adolf Hitler tomar o poder.
No período pós-guerra, marcado por crescimento econômico mundial, os Estados Unidos tinham sucessivos déficits na balança
comercial (exportação menor que importação), mas a sua moeda não perdia valor porque era congelada. Logo o primeiro ministro francês Charles De Gaulle exigiu converter todos os seus créditos comerciais da França pelo ouro americano. Então, Richard Nixon (aquele de Watergate) recusou e rasgou o acordo de Bretton Woods em 1971. Fato que Keynes previu que iria ocorrer, dada a volatilidade do mercado cambial.
Morto há 76 anos, sua obra continua mais viva do que nunca, devendo ser de leitura obrigatória para todos que querem compreender a economia como ciência

*Economista, mestre em Educação e auditor do Tribunal de Contas do Estado

   

 

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