Nas Entrelinhas |
Autor(es): Denise Rothenburg |
Correio Braziliense - 26/10/2012 |
Os projetos do Orçamento da União para 2013 estão muito genéricos e sem especificar os programas de trabalho em que os recursos serão aplicados, o que torna difícil o acompanhamento, alertam os técnicos do Legislativo
A maior aposta do governo para esse período sem eleições será a regulamentação do setor de portos e aeroportos, a ser enviada ao Congresso no próximo mês para se somar às novas medidas do setor elétrico, que já estão no parlamento. Quanto às reformas tributária e política, a aposta é a de que dificilmente os partidos tratem desses temas, uma vez que não existe consenso. A não ser que haja da parte do futuro presidente da Câmara algum esforço nesse sentido, essas reformas tendem a continuar na lista de pendências. No caso da reforma política, todos os partidos se mostram dispostos a cuidar apenas da "barragem", ou seja, a proposta que pretende evitar a destinação de tempo de TV e fundo partidário a novas legendas. Isso porque, depois de o PSD e o PPL conquistarem esses dois benefícios, há vários projetos de novos partidos em gestação e que podem terminar por tirar espaço de propaganda e recursos das legendas mais tradicionais. Em relação à reforma tributária, o tema depende do que deseja o governo federal, que não tem ainda um projeto totalmente fechado a respeito. Em princípio, a ordem no governo é, antes de fazer qualquer proposta, organizar a confusão orçamentária pela qual passa o país ao longo dos últimos 20 anos. Desde a Constituição de 1988, não houve um ano em que o orçamento aprovado pelo Congresso fosse aquele executado pelo Poder Executivo. A presidente Dilma tem dito que pretende dar uma arrumada nessa seara. Por falar em arrumar... Uma nota técnica das consultorias de Orçamento da Câmara e do Senado, divulgada este mês, mostrou que, se hoje está difícil acompanhar os gastos do governo federal e a sua tentativa de organizar as contas públicas, em 2013 essa tarefa será ainda mais complicada. Os técnicos consideram que os projetos do Orçamento do ano que vem estão muito genéricos e sem especificar os programas de trabalho em que os recursos serão aplicados, o que torna difícil o acompanhamento. Os especialistas em orçamento criticam ainda a forma como o governo realiza o PPA — plano plurianual de investimentos —, que deveria servir como balizador dos gastos governamentais, mas não tem cumprido o seu papel de clarear a planejar o gasto público. "Programas como o Brasil Sem Miséria, o Brasil Carinhoso, o Mais Educação e o Saúde da Família, entre outros, nem constam nas classificações do PPA e nem estão, clara e precisamente, fundados em programação orçamentária própria e específica.", diz a nota. Nesse sentido, o texto traz um alerta: "Classificações genéricas e desvinculadas dos orçamentos públicos, se, por um lado, parecem conferir maior flexibilidade ao Poder Executivo, limitam, pelo outro, as condições pelas quais pode ser exercido controle sobre o trabalho governamental". Por falar em trabalho... |