A Fundação Zoobotânica/RS (FZB) é relevante para a economia gaúcha? E para a geração de inovações tecnológicas? Para as duas perguntas a resposta é sim, e muita. O recente anúncio do governo do Estado da extinção da FZB aponta para uma diminuição da capacidade de pesquisa científica e tecnológica no território gaúcho e, consequentemente, de gerar inovações técnicas. E mesmo no âmbito das finanças públicas do Estado, a razão alegada pelo governo para tal extinção, essa redução terá efeitos negativos no médio prazo.
A principal função da FZB está no campo ambiental, como órgão estadual responsável por promover e conservar a biodiversidade no Rio Grande do Sul por meio de seu quadro qualificado de profissionais e de suas três instituições – o Museu de Ciências Naturais, o Jardim Botânico e o Parque Zoológico –, atuando nas áreas de pesquisa, educação ambiental, conservação e lazer. Além dos evidentes efeitos na educação e no turismo, a estrutura da FZB tem um papel importante, direta e indiretamente, no apoio à entrada do Estado e do País na chamada "revolução industrial verde", em gestação, mudança que terá provavelmente a mesma dimensão da revolução informática iniciada nos anos 1970. Atualmente, todos os países, com alguma intenção séria de um melhor desenvolvimento social e econômico para seus cidadãos, vêm apostando todas suas fichas em ações ligadas à Economia do Conhecimento, em que as tecnologias "verdes/limpas" (energias alternativas e biotecnologia), defendem alguns especialistas nos estudos de inovação tecnológica, serão os grandes trunfos para gerar crescimento econômico e sustentabilidade ambiental. Assim, a extinção da FZB será a extinção de uma parcela importante do sistema gaúcho de ciência, tecnologia e inovação com repercussões no desenvolvimento econômico e social do Estado de hoje e do futuro. Portanto, é premente uma discussão democrática dos rumos do Estado, pois ações pouco pensadas hoje podem comprometer o futuro do Estado.
*Geógrafo, especialista em Geografia Econômica