A corrupção é ínsita à condição humana, muito embora isso não apareça claramente no debate público. Referências à corrupção podem ser encontradas no Código de Hamurabi, no Reino da Babilônia, no Reino do Egito, e na Roma Antiga, na Bíblia. Não é privilégio de brasileiros ou da classe política. Está no setor público e no privado.

Por consequência, está igualmente nas instituições. Ou seja, está na justiça, na igreja, na imprensa e na família. E nem sempre se teve a corrupção como malefício. Alguns economistas a tinham como uma “graxa” capaz de lubrificar e dar eficiência às transações, constituindo-se em uma acidentalidade de pouca importância. Com esse entendimento, mas sem desconsiderar as externalidades negativas, analistas como Nathaniel H. Leff, J. Nye e Samuel P. Huntington formaram a teoria funcional da corrupção.

Durante anos, a corrupção foi tolerada pela sociedade brasileira. Lembre-se do bordão “rouba, mas faz”. Hoje a corrupção é vista como uma prática antidemocrática que enfraquece as instituições. O Banco Mundial a tem como o maior obstáculo para o desenvolvimento dos povos. A Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico afirma que é necessário combater os efeitos deletérios. Para 97% dos brasileiros, o fenômeno é algo a ser corrigido porque a ausência de punição beneficia infratores.

Quem estuda o tema corrupção sem recalque moralista sabe que é impossível medir com precisão o seu tamanho. Até porque tudo o que se conhece não é o que foi efetivamente roubado e desviado – apenas aquilo que foi denunciado, flagrado ou investigado. É possível medir apenas a sua percepção – uma ideia tão imprecisa quanto a percepção da saudade ou do amor.

Educação, transparência e responsabilização são instrumentos para esse combate. Agora, não esqueçamos: sonegar impostos, comprar atestado para faltar ao trabalho, colar na prova, dar gorjeta para o guarda de trânsito ou falsa declaração de negro-indígena na conquista de uma bolsa de estudos, etc., é corrupção.