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Eu avisei

Escrito por João Neutzling Jr.*26 de Ago de 2024 às 13:50
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Em 06/12/2023, eu publiquei um artigo na imprensa com o título “O tango da tragédia” onde eram expostos argumentos sobre o agravamento da crise econômica na Argentina. O artigo começa com a famosa lei de Murphy: “Nada está tão ruim que não possa piorar”. Pois então.

Para medir o nível da insanidade do novo presidente argentino Javier Milei, basta ver que ele disse que conversa com o espírito de seu cachorro morto, chamado Conan. Em qual idioma conversam?

A pobreza na Argentina atingiu 55,5% da população (o pior índice desde 2001). Aqui no Brasil, este índice está em 27,5%, o menor patamar desde 2012. Isto ocorreu por que o governo vizinho cortou o orçamento de vários programas populares de amparo à população de rua, entre outras medidas.

O salário mínimo lá equivale a apenas US$ 160, o segundo menor da região, atrás apenas da caótica Venezuela. Sabe-se que, quanto maior o poder de compra da população maior tende a ser a dinâmica do mercado consumidor doméstico. Quanto mais capacidade de consumo, maior o nível de investimento.

A inflação acumulada nos últimos 12 meses atingiu 271,5% no vizinho e aqui não chega a 5% aa.
Milei desregulamentou o setor de planos de saúde, o que ocasionou aumento de mais de 100% nas mensalidades, mas os salários continuam congelados. Isso era promessa de campanha dele, que sempre se identificou como ultraliberal com o mínimo de intervenção do estado na economia. Com isso, muitos argentinos podem ficar sem plano de saúde privado e ter de recorrer ao serviço público, já à beira da exaustão.

No primeiro trimestre, o país atingiu superávit fiscal (receita maior que despesa), o que não ocorria há uma década. Mas a contrapartida foi corte brutal nas despesas públicas, entre elas subsídio para contas de energia elétrica para população de baixa renda.

Mas o mais assustador foi Milei dizer publicamente que Carlos Menen foi o melhor presidente da Argentina. Essa foi de doer na alma, pois todos sabem que o governo Menen (1989-1999) foi causador da crise argentina com sua maluquice de igualar o peso ao dólar americano, o que gerou déficit constante na balança comercial, além de aumento do desemprego.

Menen ficou famoso por dizer que a Argentina deveria ter “relaciones carnales” com os EUA. Tudo explodiu na crise de 2001, na mão de Fernando de La Rua que teve de implantar os famosos “corralitos” para frear a crise bancária.

Para completar, taxa de juros básica de 40% aa. Cenário de filme de terror, mesmo!

*Economista, Bacharel em Direito, Mestre em Educação, Auditor estadual, Professor e Escritor (jntzjr@gmail.com)

   

 

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