Para selar a unidade e encaminhar o futuro
No momento em que realizamos nosso XXII
Congresso a FENASTC, se afirma como
representação oficial, digna do conjunto de
servidores do Sistema dos 34 Tribunais de
Contas de nosso país com cerca de 70 mil
servidores, ativos e inativos, reconhecida e
legitimada – na esteira de seus 20 anos de
atividades.
Vivemos um momento de crise na Economia
Mundial. Podemos afirmar, sem erro que a
crise é do sistema e sistêmica. Gerada pelo
desejo de acumulação desenfreada do
capitalismo, concentra riqueza e amplia as
diferenças econômicas e sociais, produzindo
brutal impacto Sobre Países e Povos, a tal
ponto que coloca sob ameaça a
continuidade da espécie humana,
consumindo todas as disponibilidades de
matéria prima conhecidas. Nossa convidada
Maria Lucia Fattorelli, Auditora Fiscal da
Receita Federal e que é também Coordenadora
da Auditoria Cidadã da Dívida Pública nos falará,
em conferência, sobre este tema, após esta
abertura.
Nosso primeiro desafio Brasileiro é nos
reconhecermos como parte de um sistema
de Controle Externo -TCU, TCEs e TCMs, 34
Tribunais, em horizontalidade. Daí porque
defendemos a uniformidade processual para
todos os Tribunais. Defendemos a edição da
lei (ou código) processual único para todos
os TCs, eliminando as inconcebíveis e
despropositadas diferenças na
processualística (principalmente no que
tange às modalidades de recursos das
decisões prolatadas), valorizando a
execução dos julgados e a recomposição dos
prejuízos causados à administração.
No nosso País, no curso desse último ano,
portanto, desde nosso ÚLTIMO congresso
realizado no Rio de Janeiro, assistimos a um
conjunto de escândalos nacionais
protagonizados por Conselheiros e Ministros
advindos de um modelo de escolha, sem que
se observem os requisitos Constitucionais
exigidos para o cargo. Os “notórios
conhecimentos jurídicos, contábeis,
econômicos, financeiros ou de
administração pública”, são
sistematicamente desatendidos. Em muitos
casos a “idoneidade moral e reputação
ilibada” são duvidosas. Afasta-se a
sociedade e realiza-se rateio de vagas nos
Conselhos de Contas entre partidos,
maiorias legislativas ocasionais e influência
de chefes do Poder Executivo dos Estados e
da União. A FENASTC afirma: esse modelo
está falido.
Num único Tribunal (AMAPÁ) cinco
Conselheiros foram afastados pelo STJ por
corrupção. Na linguagem popular
“roubaram” 100 milhões de reais do próprio
Tribunal de Contas daquele Estado.
Participaram desta iniciativa alguns
servidores. Em São Paulo um Conselheiro foi
afastado, acusado de enriquecer
ilicitamente, no exercício do cargo. No Piauí
o Governador fez chegar ao Conselho de
Contas sua esposa, num ato que
classificamos como de “malandragem
constitucional” ao determinar aos seus
aliados no parlamento Estadual que
nomeassem a Conselheira.
E acreditam alguns, que a vida deva seguir
por aí sem qualquer alteração.
Para quem o cidadão apresenta sua
indignação. Vale dizer uma reclamação
legal. Quem vai “controlar o controlador”?
20% dos Conselheiros de todo o Brasil estão
sob investigação, denunciados ou
condenados por crimes praticados no
exercício do cargo. Quem fará a correição?
No Congresso Nacional apresentamos
Proposta de Emenda Constitucional de
criação de um Conselho Nacional de
Tribunais de Contas, de número 30 de 2007,
do Senado. Já tendo sido objeto de
audiência pública, essa iniciativa,
infelizmente não avançou.
Fizemos, em audiência conjunta com a
AMPCON e com o Juiz Marlon Reis Coordenador
do Projeto Ficha Limpa -um
apelo ao Ministro Ayres Brito para submeter
os Conselheiros ao alcance do CNJ.
Educadamente nos Mostrou o Ministro que é
improvável esta possibilidade.
Enquanto o CNJ se afirma depois de dura
luta, inexiste o CNTC. Precisamos “instituir
o CNTC com atribuições normativas e
correcionais, atuando no sentido de
equalizar as flagrantes diferenças entre os
34 tribunais e no sentido de coibir e apurar
os ilícitos cometidos pelos agentes políticos,
relacionados ou não com a atuação dos
próprios TCs.
Temos aprovado a tese da criação do CNTC
em todos os nossos congressos e
certamente a renovaremos neste congresso
de Porto Alegre.
Os Servidores, pelos dirigentes de suas
entidades organizadas, falaram diretamente
à população, neste tempo recente, com
campanhas de Ministro e Conselheiro
Cidadão. Esclarecemos como “nascem”
Ministros ou Conselheiros. E chamamos a
participação da sociedade. Afirmamos que o
CARGO DE CONSELHEIRO OU MINISTRO É
CARGO PÚBLICO. A escolha destes cargos
deve ser tratada com transparência e de
forma Republicana. Nossa homenagem
àqueles que se apresentaram como
candidatos -Brasil afora -tentando quebrar
o atual modelo.
Colegas de vários estados conquistaram
planos de carreira e outras garantias para
atos de auditorias. Devemos conferir em
todo o Brasil a designação de Auditor de
Controle Externo para aqueles que estão na
atividade finalística, legalizando garantias
para realização de atos de auditoria,
remuneração e condições de trabalho
adequadas.
Não é aceitável, vale dizer é
inconstitucional, a presença de Cargos
Comissionados e Terceirizados em atos de
Auditoria, como ainda ocorre em alguns
Estados da Federação.
Vale acentuar, queremos a estruturação das
carreiras dos servidores, entre as atividades
fim e meio, através de uma política nacional
de cargos e salários, com piso nacional,
valorizativa da função e reconhecedora dos
méritos daqueles que atuam nas atividades
de controle e no combate à corrupção,
compreendendo as atividades de auditoria
pública e as que lhe são complementares.
As Normas de Auditorias Governamentais
começam a serem assumidas, ainda que por
Resoluções dos Tribunais. Nestas normas há
um capítulo dedicado a garantir autonomia
para o exercício da atividade profissional.
Queremos garantias para os atos de
auditoria em sede de Norma Federal. Este é
um importante caminho para o combate à
corrupção.
Instituiu-se em 2012 a Lei de Acesso a
informações ampliou-se a transparência e
nos apresentamos, como Tribunais, à
sociedade. Precisamos garantir que os
Relatórios de Auditoria sejam públicos.
Fomentamos a organização de delegações e
participamos das III Olimpíadas em Goiás.
Lá estiveram mais de 1.200 atletas.
Praticamos esportes e integração.
Propusemos a Semana Nacional dos
Tribunais de Contas. Será a consolidação
das olimpíadas e um bom princípio para
outras atividades.
O caminho de transformação dos Tribunais
de Contas em instrumentos de controle
social das finanças públicas é longo e difícil.
O caminho de afirmação dos Servidores para
garantir respeito pelo trabalho técnico dá os
primeiros passos. A FENASTC existe para
que possamos tratar dos grandes temas de
interesse dos Trabalhadores do Controle
Externo.
Atuando nesse cenário preocupante, rico e
promissor, devemos determinar qual a
postura política e o objetivo que se busca e
em seguida decidir qual a estruturação
necessária para dar cumprimento das
tarefas. Estas são – entre outras – questões
importantes para nosso Congresso.
As questões políticas, relativas ao modo de
condução da entidade federativa, devem ser
discutidas maduramente pelos
representantes sindicais e pelos milhares de
filiados a esses, Brasil afora, admitindo-se
que em sede de democracia, sempre, que as
maiorias, expressas pelas manifestações de
vontade nas assembleias e, no nosso caso,
congressos federativos, órgãos e eventos
máximos das categorias, devem ser
acatados e respeitados por todos.
A conversa de que a Federação não pode
congregar entidades associativas e
sindicatos não tem qualquer fundamento
jurídico ou político, tampouco atende nossa
história, trajetória e grau de
desenvolvimento e de organização.
Nosso apelo final é um chamamento à
participação efetiva e envolvimento nas
lutas sociais que buscam fortalecimento da
cidadania e em temas relevantes para o
povo e o país e nas iniciativas das entidades
dos tribunais de contas para transformar os
TCs em instrumentos de controle social das
contas públicas.
A Diretoria da FENASTC está convencida de
que o tratamento correto, isto é
democrático e republicano, para que se
caracterize o respeito à base da pirâmide sindical Brasileira
-e por que não dizer da cidadania – é aquele,
onde homens e mulheres ativistas da construção
do movimento nacional dos Servidores dos Tribunais de Contas
assumem, sempre, com coragem e altivez suas condutas.
Envidaremos todos os esforços e procedimentos
para manutenção da UNIDADE SINDICAL e ASSOCIATIVA
entre as entidades (associações, sindicatos e similares)
que exercem a representação local de nossos
quase 70 mil servidores públicos, entre ativos e inativos.
Prezados Servidores dos Tribunais de Contas do Brasil,
Senhores e Senhoras Cidadãos, esse é o momento para fazer a diferença.
Muito Obrigado.