O Centro de Auditores dá destaque a matéria publicada na segunda-feira,15, no jornal Zero Hora, sobre as contas da CEEE.
Estatal deverá dispor R$ 3,5 bilhões para investimentos, mas dinheiro não poderá quitar endividamento.
Desde janeiro de 2011 no comando do Grupo CEEE, o engenheiro eletricista Sérgio Souza Dias recorre a um adágio popular para expor as consequências da herança de malfeitos acumulada pela empresa nos últimos 20 anos, em diferentes governos. O provérbio é engraçado, mas também assustador pelo final surpreendente. Na versão adaptada de Souza Dias, pescadores costumam se gabar, quando catam minhocas, que capturam a isca já na primeira enxadada em solo úmido. Na CEEE, o desdobramento da operação seria bem diferente.
— Aqui é a minhoca que pula no pescoço da gente — brinca o presidente.
A minhoca monstruosa é uma referência às fraudes, às gastanças e aos descuidos administrativos que enfraqueceram a CEEE, como publicado por Zero Hora no domingo. O conjunto de descalabros foi comprovado a partir de documentos exclusivos obtidos junto ao Tribunal de Contas do Estado (TCE), via de Lei de Acesso à Informação.
Indicado pela acionista Eletrobras, Souza Dias está numa situação paradoxal. Há dinheiro para investir, não para tapar buracos. O presidente conta que a companhia está recebendo R$ 3,5 bilhões, provenientes de dívidas do governo federal e de financiamentos internacionais. Parte já está no caixa, o restante chegará até o fim do ano.
Souza Dias ressalta que o dinheiro será para obras, em novas subestações e linhas de transmissão, num plano que se estenderá por três anos. No primeiro trimestre de 2013, foram contratados R$ 344 milhões.
— A máquina está destravando — diz ele, em cuja gestão foram dobrados os gastos com viagens, alcançando R$ 6,5 milhões em 2012.
Foto: Mauro Vieira/Agência RBS