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Crises Financeiras

Leia artigo de João Neutzling Jr. *

Escrito por João Neutzling Jr 01 de Dez de 2023 às 10:53
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O sistema econômico capitalista é caracterizado por crises sistêmicas que lhe são inerentes e que ocorrem devido às oscilações de mercado, incertezas associadas ao comportamento randômico da lei de oferta e demanda, fatores climáticos, entre outros. Porém, outro elemento relevante é a atuação governamental como agente regulador da economia.
E é justamente este ponto que é analisado na obra Crises Financeiras (2023, Editora Schwarcz S/A) do economista Roberto Teixeira da Costa. Costa de 89 anos teve uma relevante carreira de sucesso na área financeira sendo o primeiro presidente da Comissão de Valores Mobiliários – CVM que é o órgão responsável pela operação da Bolsa de Valores no país, entre outras funções.
Uma das mais notórias crises econômicas foi a bolha especulativa das tulipas na Holanda em 1634, século XVI, quando um punhado de flores chegou a valer mais do que 50 sacas de trigo.
Mas a mais devastadora crise econômica veio em 24 de outubro de 1929 quando a bolsa de valores de New York (New York Stock Exchange) entrou em colapso quando mais de 13 milhões de ações de várias empresas foram colocadas à venda sem que houvesse comprador. Logo uma reação em cadeia ocorreu levando o mercado acionário a uma onda de venda em massa.
O fato é que o mercado de ações, na época, negociava uma ação (parte do capital social de uma empresa) por um preço muito maior que valor patrimonial da ação (capital social dividido pela quantidade ações). Este ágio elevado ocorreu por uma onda especulativa embalada pelo otimismo pós-Belle Époque e pelo fim da primeira guerra mundial (1914-1918). O índice Dow-Jones crescia ano após ano estimulando a especulação financeira desenfreada. Qualquer tentativa de regular o mercado era rechaçada como ação do estado desnecessária pois o mercado se auto regula.
No auge da grande depressão em 1933 o desemprego nos EUA era de 25% (ou um quarto de toda a força de trabalho).
A crise só foi resolvida por meio do New Deal de Franklin Roosevelt (1882 - 1945) em 1934 que consistia em um conjunto de programas e obras públicas para tirar o país da crise o que efetivamente ocorreu.
Portanto, a omissão do estado gerou a crise de 29 e ação propositiva e interventiva do estado tirou os EUA da crise depois de 1934.
Outra crise financeira emblemática foi a crise do subprime de 2007. Neste evento, o setor bancário dos EUA estava realizando empréstimos para clientes de alto risco garantidos por hipotecas supervalorizadas. Ou seja, havia uma concessão desenfreada de créditos imobiliários que era ocasionada pelos bônus e lucros que os executivos e diretores recebiam advindos de novos contratos. Mas, eram operações de risco onde os bancos operavam alavancados, ou seja, emprestavam dinheiro que não tinham. A crise estourou quando os imóveis executados por dívida não garantiam o valor do empréstimo.
Em quase todas as crises econômicas o fator dominante foi o liberalismo como doutrina dominante que colocava a ação do estado como secundária e desnecessária. Mas quando explode uma situação de crise todos imploram por uma intervenção do estado
A obra de Teixeira da Costa é de uma leitura bem agradável e didática fazendo uma viagem pela história econômica das crises financeiras.
O fato relevante é que a mão invisível do mercado, conforme Adam Smith, para funcionar de maneira eficaz depende da mão visível do estado como órgão regulador.

* João Neutzling Jr é Economista, Bacharel em Direito, Mestre em Educação, Doutorando em Sociologia, Auditor estadual, Professor e pesquisador.
jntzjr@gmail.com

   

 

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