A cada quatro anos ouvimos um mantra recitado em dois atos. O Governador que sai despede-se do cargo afirmando, com grande pompa, que o Rio Grande está recuperado; o Governador que entra, com a mesma pompa, anuncia que o Rio Grande está quebrado.
Em menos de 24 horas, o situação do Estado cai do céu para o inferno.
As administrações se sucedem e o que vemos são as conhecidas
soluções imediatistas:
1) tomar empréstimos (onde se incluem os saques no caixa único e nos depósitos judicias e a antecipação do pagamento do ICMS por algum grande contribuinte);
2) aumentar impostos (onde se inclui a ampliação da substituição
3) vender patrimônio; e
4) empurrar a sociedade contra o funcionalismo público.
São estas ações que nos empurram para a convulsão social, pois são superficiais e muitas vezes falaciosas. Oxalá um dia os governadores tenham coragem de enfrentar o desafio de se despir deste papel de gerente de província que lhes é reservado pelo governo central neste projeto de enfraquecimento dos Estados e de aumento da centralização administrativa, financeira e política vem sendo implementado há muitos anos de forma lenta, gradual e segura.
Para abreviar, cito apenas um exemplo disto: a dívida do Estado com a União. Em 1998, tomamos emprestados 10 bilhões e em dezembro de 2014 já tínhamos pago 22 bilhões e ainda estávamos devendo 47 bilhões.
Caso este empréstimo tivesse sido tomado com a obrigação de devolver o dinheiro corrigido monetariamente – o que teria sido justo, já que a péssima situação do Estado na época decorreu principalmente de medidas econômicas adotadas pelo governo central – no dia 01 de maio de 2013 já teríamos quitado a dívida.
Se fosse adotado este critério - IPCA sem juros - no dia primeiro de maio de 2015 com os pagamentos que continuamos fazendo já teríamos acumulado um saldo credor de 5,5 bilhões.
Como os governadores são dependentes, é até compreensível que eles tenham receio de enfrentar o governo central, mas não pode lhes faltar coragem para expor a realidade à sociedade para que ela, por meio das suas entidades, tome iniciativas que visem à mudança desta indecente e insustentável centralização do poder que é a maior causa do atraso brasileiro.