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80 anos do acordo de Bretton Woods

Escrito por João Neutzling Jr.*18 de Jul de 2024 às 10:51
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Quando a segunda guerra mundial (1939-1945) caminhava para o fim, um grupo de países reuniu-se em Bretton Woods, New Hampshire (EUA) para estabelecer as bases do novo sistema financeiro internacional. Até então, a Inglaterra era a emissora da libra esterlina que era a moeda de uso universal. Arruinada pela guerra e com elevado passivo externo, os ingleses abriram mão da soberania monetária mundial em prol dos EUA.

 A partir de 1º de julho de 1944, em Bretton Woods foram traçadas as linhas mestras do novo sistema monetário mundial.
Entre outras questões foi formalizada a criação do Fundo Monetário Internacional (FMI) e do Banco Mundial (World Bank).
O FMI ajudava os países com desequilíbrios no balanço de pagamentos através de empréstimos em dólar ou em Direitos Especial de Saque (DES), Special Drawing Rights, que é uma moeda escritural do FMI. O Banco Mundial, World Bank, por seu turno, é responsável por empréstimos para países em desenvolvimento.

A conferência também decidiu por uma nova moeda de uso em substituição ao padrão Libra-ouro (1870-1914), época áurea da Inglaterra vitoriana. Desta forma, surgiu o padrão ouro-dólar que vigorou no período de 1946-1971. Nesta regra, os EUA se comprometeram a trocar US$ 35,00 por onça-troy (31 gramas).

Até o início da década de 70, o mundo viveu os anos de glória do capitalismo com taxa de crescimento do PIB muito acima da média anterior. O processo de reconstrução da Europa, devastada pela guerra, e a expansão das multinacionais aumentaram o mercado consumidor mundial e o nível médio de renda do trabalhador. Os EUA, porém, suportavam constantes déficits em sua balança comercial (exportação menos importação) com o qual não se preocupavam pois, eram o país emissor da moeda universal.

No outro lado do Atlântico, no final da década de 60, o premier francês Charles De Gaulle iniciou uma campanha pela troca de créditos cambiais de dólar americano do governo francês pelas reservas de ouro dos EUA. Essa pressão de troca de dólares x ouro resultou no abandono da paridade cambial. Em 15 de agosto de 1971 o pres. Richard Nixon rompeu o compromisso de Bretton Woods de livre conversibilidade do dólar em ouro negando-se a novas trocas. A partir de então o dólar passou a flutuar livremente e o modelo de Bretton Woods ficou fragilizado.

Os anos 70 ainda iriam assistir aos choques do petróleo de 1973 (Guerra do Yom Kippur) e de 1979 (Revolução do Irã) que terminaram com os anos dourados do capitalismo pós-guerra. Estes eventos ainda contribuíram muito para a crise da dívida externa dos países do terceiro mundo, como o Brasil. Os EUA hoje enfrentam a ameaça de sua dívida pública da ordem de US$ 34 trilhões (quase igual ao seu PIB, produto interno bruto). Como o mundo vai aceitar a moeda emitida pelo maior devedor do planeta?

Neste cenário, a China surge como alternativa à hegemonia do dólar, pois sua moeda, o Yuan, tem se firmado como segunda opção de moeda de referência mundial.
Qual será a moeda do futuro? Ainda não se sabe. Mas a hegemonia dos EUA está bastante ameaçada pela possível insolvência do país.

*Economista, Bacharel em Direito, Mestre em Educação, Auditor Estadual, Professor e Escritor (jntzjr@gmail.com)

 

   

 

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