O Dia Internacional da Mulher foi formalizado pelas nações unidas em 1975. Inúmeros fatos no início do século XX mostraram a luta das mulheres para terem mais voz e igualdade de direitos, como por exemplo, o direito de voto.
Mas a origem desta data fez referência à morte de 19 operárias em Nova York (EUA). Na fábrica de vestuário Triangle Shirtwaist trabalhavam mais de 600 operárias em péssimas condições de segurança e higiene. Muitas operárias trabalhavam mais de 16 horas por dia e as lactantes não tinham direito de amamentar seus filhos. Era comum trabalhadoras desmaiarem de fome na linha de produção. O sindicato trabalhista na época já havia alertado sobre as péssimas condições de trabalho, ambiente insalubre e risco de vida. Foi solenemente ignorado pela classe patronal.
Ocorreu um incêndio naquela fábrica. As vítimas não puderam escapar, pois a porta de fuga estava trancada para impedir as mulheres de saírem da área de manufatura. Essa tragédia inspirou o dia internacional da mulher e fez com que as autoridades dos EUA revisassem as normas de segurança trabalhista e jornada de trabalho.
A luta das mulheres não pode ser contada sem lembrar a atuação de uma mulher notável e corajosa: a renomada escritora e economista polaco-alemã Rosa de Luxemburgo. Nascida na Polônia em 1871, tornou-se famosa por sua ação política junto à Social-Democracia da Polônia (SDKP) e ao partido Social-Democrata da Alemanha (SPD).
Em 1900 inicia intensa atividade política na Social-Democracia alemã. Foi presa inúmeras vezes por sua posição política e por sua luta nos sindicatos, greves dos trabalhadores, manifestações contra à guerra, etc. Ela editou ainda o jornal Die Rote Fhane (A Bandeira Vermelha).
Em 1913 veio a lume a sua obra-prima: A Acumulação do Capital, obra colossal em que ela explora em profundidade o problema da reprodução do capital analisando o modelo de Marx, Sismondi e Malthus; analisa o problema da distribuição de renda e a busca do capitalismo por novos mercados, imperialismo como etapa do capitalismo, etc.
No Brasil, esta obra (420 páginas) foi publicada pela editora Abril na coleção Os Economistas de 1983, e por outras editoras antes.
Em 15 de janeiro de 1919, Rosa de Luxemburgo e seu companheiro Karl Liebknecht foram sequestrados por um grupo paramilitar de extrema-direita, os freikorps, no hotel Eden em Berlin. Ela foi espancada dentro de um jeep militar, recebeu tiros na nuca e seu cadáver foi jogado no rio Landwerkanal. Seu corpo somente foi encontrado meses depois. Liebknecht também foi assassinado e enterrado como indigente com identidade desconhecida.
Os corpos de Rosa Luxemburgo e Karl Liebknecht foram posteriormente enterrados no Cemitério Central de Freidrichsfelde, em Berlim.
Os paramilitares de direita haviam recebido ordens e dinheiro de políticos da extrema direita alemã para matar Rosa e Karl.
Rosa de Luxemburgo pagou com a vida por lutar pelos direitos dos trabalhadores alemães. O dramaturgo alemão Bertold Brecht (1898-1956) escreveu o epitáfio de Rosa: “Aqui jaz Rosa de Luxemburgo, judia da Polônia, vanguarda dos operários alemães, morta por ordem dos opressores. Oprimidos, enterrai vossas desavenças!”
Fazem muita falta, hoje em dia, mulheres como esta Rosa.
*Economista, Bacharel em Direito, Mestre em Educação, Auditor Estadual, Professor e escritor. (jntzjr@gmail.com)