Poucos filósofos tiveram uma vida tão complexa e trágica quanto Friedrich Wilhelm Nietzsche. Nascido em 15 de outubro de 1844 na Saxônia (Sachsen), há 180 anos, ele criou um amálgama entre ateísmo, crenças religiosas, o anticristo e o eterno retorno. Sua área de interesse transita de epistemologia (teoria do conhecimento), ética, ontologia (análise do ser, dever e realidade) até análise dos fenômenos político-sociais.
Nascido no seio de uma família luterana, desde jovem conviveu e desafiou as crenças religiosas dominantes. Estudioso erudito, logo manifestou interesse pelos clássicos gregos e romanos. Em 1869, com apenas 24 anos foi nomeado professor de filosofia na Universidade da Basiléia. Foi muito influenciado pelas obras de Voltaire (1694-1778) e Johann Wolfgang Goethe (1749-1832), dois baluartes do iluminismo.
Sua magnun opus é Assim Falava Zaratustra (1883) onde ele discorre sobre as origens do zoroastrismo que é a religião oficial da antiga Pérsia, atual Irã. Nesta obra, ele também faz os primeiros esboços da teoria do super-homem ou além-do-homem que seria o último estágio da nossa evolução. Também cita nesta obra a ideia de que Deus está morto: “Deus também tem seu inferno: é o amor pelos homens (...) Deus morreu, matou-o a sua piedade pelos homens”(p.199). Ideia anteriormente esboçada em A Gaia Ciência (Die fröhliche Wissenschaft) de1882.
Assim Falava Zaratustra é obra de leitura complexa, árida que requer muita paciência e isenção para o leitor “não viajar na maionese”. Ainda em A Gaia Ciência, ele aprofunda sua investigação em metafísica e em questionamentos sobre a moral e a vida. Em Ecce homo de 1808, ele apresenta sua autobiografia enfatizando sua carreira acadêmica e sua avaliação da genealogia da moral, o papel da religião luterana entre outros temas. Nesta época ele já demonstrava sintomas da neurossífilis que o acometeu.
Nietzsche não era um homem simpático de convívio agradável, muito pelo contrário, seus olhos esbugalhados e seu proeminente bigode prussiano faziam dele um tipo muito estranho e esquisito, parecia um típico personagem da família Adams. Teve um surto psicótico e veio a falecer em 25 de agosto de 1900 com apenas 55 anos de idade por problemas de saúde decorrentes de sífilis. Sua obra é de uma profundidade filosófica e instigadora do sentido da vida como se nota em sua declaração: “Não há fatos eternos, como não há verdades absolutas”.
Economista, Bacharel em Direito, Mestre em Educação, Auditor estadual, Professor e Escritor (jntzjr@gmail.com)